2.4.16

Um poeta livreiro que ama a Nazaré

foto de Ric Vives Rubio / Público
A Nazaré dele tem um mar que «fustiga». Por lá passou e ficou, de quando em vez. Agora já não a visita com a regularidade de outros tempos. José Antunes Ribeiro, autor de «Todos os livros, diz ele» uma recolha de poemas feita na sua Ulmeiro, está agora entre o fecho anunciado da livraria em Lisboa e a vaga esperança de que aquele espaço permaneça de portas abertas. Da Nazaré, ainda hoje guarda a amizade, sobretudo com o grupo da Biblioteca da Nazaré. E poemas. Três deles foram incluídos na referida edição. José Antunes Ribeiro, nasceu em Alburitel, Ourém, em 1942. Já disse que uma boa estrela o conduzirá de novo à praia, como «gado ao encontro da água em dia de canícula e sede ancestral».


Nazaré II

O mar sempre    o mar a mar
um vento tépido, uma brisa quente
os pescadores na soleira das portas
as gentes marítimas graves e solenes

quem te dirá do sol amargo
e do sal das tragédias o luto
e a dor destas mulheres viúvas e mães
tão cheias de amor pela terra?

quem pariu estes filhos? quem
os viu morrer tão novos e tão
sábios de marés estrelas e luas?

quem lhes trará o conforto, a
palavra certa     o cúmplice silêncio
a certeza de uma vida plena?

Todos os livros, diz ele
José Antunes Ribeiro
Ulmeiro, 1999

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