17.6.16

O mar como assombro

Jaime Rocha
(foto de Nuno Ferreira Santos)
«Escola de Náufragos» o mais recente livro de Jaime Rocha mereceu um interessantíssimo artigo de Hugo Pinto dos Santos, no jornal Público. Pegando no mar como assombro, percorrem-se os 30 anos que separam «Tonho e as Almas» deste «Escola de Náufragos», passando pelos poemas de «Mulher Inclinada Com Cântaro».
Diz-se, neste artigo que A Nazaré constitui um local emblemático do percurso de escrita de Jaime Rocha, em títulos tão distintos como Mulher Inclinada com Cântaro (Volta d’Mar, 2012), mas também numa novela publicada há mais de trinta anos, Tonho e as Almas (Relógio D’Água, 1984). “Estes trinta anos de pausa [entre Tonho e as Almas e Escola de Náufragos] permitiram-me distanciar totalmente, friamente. Tirar as emoções em relação à minha infância, para poder libertar-me disso tudo, porque acho que não é bom para a literatura.” E Jaime Rocha volta a traçar os limites e as confluências dos géneros: “As emoções, para mim, são boas para o teatro; não as quero pôr na poesia, nem na prosa. Deixo as emoções para as personagens do teatro.” Quando compara a novela de 2016 com a que publicou na década de 80, afirma: “Este distanciamento permitiu-me ser muito frio para com esta criança, mesmo sabendo que ele vai caminhar por um terreno instável e pantanoso, que eu próprio, enquanto criança, vivi e que é a rua, o mar, a areia, as ondas, o perigo. O medo. Das almas do outro mundo, da morte. Os pescadores têm uma relação muito próxima com os seus mortos. Os seus mortos são amigos, porque morreram a lutar pela sobrevivência dos vivos. E isso permite uma relação de diálogo com os mortos.


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