É um livrinho que resume o autor, assim ele quis, como último de poesia. O autor Miguel Martins anunciou que não mais escreverá poemas e estes são os últimos escolhidos pelo próprio para resumir o que fica da obra. De entre as escassas 22 páginas, deste livro editado pela Fahrenheit 451, um dos poemas viaja até à Nazaré. Em apenas dois versos há um «sagaz mendigo». É num dos mais inquietantes poemas escritos por Miguel Martins e mais distanciados, como escreveu Manuel de Freitas. Apenas isso.
Não, não são os poemas que me interessam,
mas os poetas, os gritos noite dentro,
a casa que é alheia e se faz minha,
seja defronte ou em Paris ou mesmo
numa centúria distante e repintada.
O Alex esconjurando a impotência,
o Silva Ramos engravatando o vinho,
o Mário Alberto apostrofando as pedras
da Avenida, ou o sagaz mendigo
da Nazaré, todo onomatopeias.
Não, não há verso que luza mais afoito
do que a rosa de crepe num bordel
quando a comeste, com sal e pimenta,
e recitaste, com pompa vitoriana,
o preçário, tal fora a nossa vida.
O Caçador Esquimó
Miguel Martins
Fahrenfeit 451, 2017
Não, não são os poemas que me interessam,
mas os poetas, os gritos noite dentro,
a casa que é alheia e se faz minha,
seja defronte ou em Paris ou mesmo
numa centúria distante e repintada.
O Alex esconjurando a impotência,
o Silva Ramos engravatando o vinho,
o Mário Alberto apostrofando as pedras
da Avenida, ou o sagaz mendigo
da Nazaré, todo onomatopeias.
Não, não há verso que luza mais afoito
do que a rosa de crepe num bordel
quando a comeste, com sal e pimenta,
e recitaste, com pompa vitoriana,
o preçário, tal fora a nossa vida.
O Caçador Esquimó
Miguel Martins
Fahrenfeit 451, 2017
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